sábado, 26 de abril de 2008

Encontro moderno

A internet, o orkut, viraram mais uma ferramenta para encontrar e falar com as pessoas, isso já é velho. Eu sempre tive a impressão que esse contato é mais leve, vem com menos responsabilidades, é mais abstrato, ainda mais casual, menos intenso. Talvez isso cause a "falta de atitude", a ambivalência que esse texto exemplifica tão bem.

Amor moderno: será que foi um encontro ou fiz papel de babá?

Julie Klausner
Em Nova York


Um gato de uma banda de rock me mandou uma mensagem de e-mail do nada. Tínhamos um amigo em comum, e ele havia me visto cantando "Christmas Wrapping" do Waitresses uma noite em um karaokê no Brooklyn. Ele disse que queria ter dito um "oi", mas não tinha feto a barba naquele dia e não queria causar uma má impressão.

Até então, tudo bem. Ele com certeza era bonito, o que eu descobri graças ao Google: cabelo liso, fino, cor de palha, com maçãs do rosto tão definidas que poderiam cortar fatias de um pedaço de queijo Jarlsberg e tão finas como notas de Post-it.

Ele continuou a se apresentar, tudo em letras minúsculas. Passei os olhos sobre sua exposição desconexa, esperando a recompensa. Será que ele ia me convidar para sair? Não. "estou em casa absolutamente confuso porque vamos viajar dentro de alguns dias para gravar um disco e tenho que/realmente deveria terminar uma lista de músicas. então estou só mandando um oi/ou um oi-novamente ! tudo de bom."

Meu entusiasmo se esvaiu. Um cara interessante de uma banda independente ma mandou um "oi/ou um oi-novamente" meio confuso? E ele vai viajar dentro de alguns dias para gravar um CD de rock? Quantos anos ele tem: 40 para 19? Virei os olhos, mas eles aterrisaram naquelas maçãs do rosto na tela do meu computador. Respondi o e-mail e deixei as coisas mais fáceis para ele. Até escrevi tudo em caixa-baixa, imitando sua casualidade. "oi. quando quiser sair para beber alguma coisa, me avise. vai ser divertido te conhecer."

Um livro sobre relacionamentos, que eu li uma vez, dizia às mulheres para usarem a palavra "diversão" sempre que possível. O autor dizia que ela tinha um poder afrodisíaco subliminar sobre os homens, que querem uma garota tranqüila, apegada apenas aos momentos de diversão - o equivalente humano da Coca Light. Eu não sou assim.

Durante o mês seguinte, ele me mandou algumas mensagens contanto sobre a estadia de sua banda no noroeste: novidades sobre o disco, o clima. Os textos dele eram como cartões postais; ele estava noticiando, e não se comunicando. Mesmo assim, gostava de receber notícias dele e imaginava se ele iria se encontrar comigo em Nova York, ou se iria perder o interesse. Apesar do meu ceticismo, ainda queria sair com um cara bonitão que se deu ao trabalho de entrar em contato comigo depois de me ver cantando em um bar.

Enquanto ele esteve fora, perguntei aos meus amigos músicos o que sabiam sobre ele. Joanna, que é cantora, o resumiu assim: "Ele é um navio dos sonhos do rock independente. Tem uma voz transcendente e escreve letras adoráveis. Tem um rosto bonito, um filho, e viaja bastante. Ele é um astro em seu próprio mundo."

Fiquei surpresa em saber que ele era pai. Eu tinha 28 anos na época e nunca tinha saído com um cara que tivesse filhos. Além disso, ele próprio tinha jeito de criança.

Eu nunca fui do tipo que cai por músicos. Sei que as garotas normalmente devem ficar loucas por líderes de banda que fecham os olhos quando cantam e assentem com a cabeça quando a bateria começa a tocar, mas sou como Shania Twain em relação a esse assunto: isso não me impressiona muito. Prefiro o discernimento e a inteligência em vez da capacidade de cantar afinado a qualquer momento. Sabe, é possível ensinar um macaco a tocar guitarra.

Ainda assim, qualquer um que consiga ganhar o pão fazendo algo criativo impressiona. E ele tinha um rosto bonito. Vou ter de confiar na palavra de Joanna sobre as letras dele, porque tentei ouvir algumas músicas na Internet e fiquei tão entediada pelas melodias que não consegui prestar atenção nas letras. É aquele som "emo" típico: monocórdico, pesado, exaustivo, mas obviamente com muito sentimento.

Ele mandou uma mensagem de texto quando voltou à cidade e me convidou para sair numa segunda-feira. Eu respondi que sim, e ele escreveu, "na verdade, você está disponível hoje à noite?"

"Não", respondi. Senti como se fosse uma mãe tardiamente estabelecendo limites. Uma hora depois ele me respondeu: "então, segunda-feira!"

Ele já estava me irritando, e nós nem havíamos nos conhecido. Logo eu aprenderia uma lição que os homens já sabem há anos: que é impossível se sentir atraído por alguém de quem você não gosta.

Talvez "gostar" seja a palavra errada. Havia algo atrapalhado e cativante em relação a ele, ou talvez fosse apenas o fato de ele ser bonito. Até mesmo as mulheres mais cínicas podem se derreter com um rosto bonito.

Ele disse para encontrá-lo na estação de metrô perto de onde ele mora no Brooklyn. Ele era mais baixinho do que eu esperava, mas de qualquer forma bem bonitinho. Eu estava usando vestido e salto alto, como uma mulher adulta num encontro. Ele usava calça de veludo e tênis Vans sem cadarço. Eu flutuava acima de sua cabeleira loira.

Ele me levou para um passeio no bairro. Fico sempre desconfiada quando um cara leva uma garota para caminhar, porque isso exala a pobreza e a uma incapacidade de planejar. Parecia que ele estava me levando para um passeio em sua propriedade, e a julgar pela forma que as pessoas na rua o cumprimentavam, perguntando sobre seu disco e sobre a turnê, era como se ele fosse o rei da vizinhança.

Nós fomos parar num bar, onde nos sentamos perto um do outro, em banquetas. Uma vez que eu peguei minha cerveja, ele colocou seu joelho entre os meus, e me lembrei bem por quê tinha concordado em sair com ele. Senti meu desprezo pela sua postura de Peter Pan indo embora enquanto os hormônios tomavam conta do meu corpo. Tudo o que eu conseguia pensar era na sensação do veludo do joelho dele entre as minhas coxas nuas.
Ele disse que havia comprado um DVD da "The Electric Company" para mostrar os episódios para o filho. Eu disse a ele que era fã dos programas infantis dos anos 70. "Quer ir lá pra casa assistir 'The Electric Company'?", ele perguntou.

Apertei seu joelho entre minhas pernas. "Claro."

Ele morava num apartamento de um quarto e havia transformado o quarto em uma sala de brinquedos para o seu filhinho. Estava lotado de brinquedos de madeira, e tudo ficava à altura das canelas. Ele reservava o quarto para quando o filho ia visitá-lo, o que aparentemente não acontecia com freqüência.

Retiramos-nos para a sala, onde havia uma cama dobrável embutida sob o armário da parede. O colchão baixou como uma ponte elevadiça, e nós ficamos lá por algumas horas. Foi uma diversão atrapalhada e adorável.

Três dias depois, recebi uma mensagem de texto dele: "espero que você tenha chegado bem ontem à noite!". E, logo depois, "oops, desculpe julie. achei que tivesse mandado essa mensagem na terça-feira."

Graças à tecnologia, há muitas novas maneiras de pisar na bola.

Depois da mensagem que não chegou, não recebi mais nada. Me senti boba ao admitir que parte de mim acreditava que ficarmos juntos iria colocá-lo num papel mais ativo.

Algumas semanas depois, num vôo de Chicago de volta para Nova York, eu não conseguia dormir: havia me colocado no papel principal de uma cena pornográfica que não parava de se repetir na minha cabeça. Assim como a doceria Splenda faz com que você sempre queira comer mais um doce, até um encontro sexual casual pode gerar uma fome de algo que não pode ser satisfeito só com uma noite de bagunça numa cama dobrável. Mandei uma mensagem de texto enquanto esperava minha bagagem no Aeroporto Kennedy.

Ele disse que estava limpando a casa. Me ofereci para ir até lá com o DVD "Free to Be ... You & Me" ["Livres para Ser ... Eu & Você] na esperança de que ele estivesse a fim de assistir alguma programa infantil dos anos 70, o que agora admito foi um eufemismo.

Peguei um táxi e fui até o apartamento dele, onde ficamos na cozinha ouvindo música e comendo ravioli enquanto ele me contava sobre seu filho.

O processo de custódia na semana anterior havia ficado feio. A mãe da criança não queria que ele tivesse nenhum direito de visita, e ele estava de coração partido.

Ele disse que eles saíram por três meses e que ele nunca a havia chamado de namorada. Quando ele terminou o relacionamento, ela anunciou que estava grávida. Ele achava que ela estivesse tomando pílula e pensou que ela tinha ficado grávida para que ele não a deixasse. Mas foi o que ele fez, de qualquer forma, e depois disso, ela teve a criança e se mudou para o exterior.

Fiquei chateada pela mulher que achou que uma criança poderia funcionar como um fermento de maturidade para um homem que saiu com ela três por meses e ainda assim manteve o relacionamento casual. Mas também me senti mal por ele, atropelado por esse desafortunado efeito colateral de uma vida de sonhador. Lembro de Joanna me dizendo como muitas das canções dele eram sobre saudades e perda: pensei sobre o amor de sua vida, esse menino pequeno de cabelos loiros, morando a um mundo de distância.

Ele fez questão de usar camisinha comigo naquela noite, na cama de seu filho.

Depois disso, não tive notícias dele. Eu não quis telefonar, mas percebi que havia deixado meus brincos e o DVD no seu apartamento. Eu precisava pegar as minhas coisas e continuar com a minha vida, mas sabia que era minha vez de ligar. Ele não iria entrar em contato: eu estava esperando que o Papai Noel devolvesse meus brincos.

Mandei uma mensagem de texto curta a caminho do metrô para dizer que queria minhas coisas de volta e que estaria pela vizinhança mais tarde. Enquanto isso, fui encontrar uma amiga para alguns drinques perto de onde ele morava.

Algumas horas depois que tinha mandado a mensagem, recebi o seguinte: "oi julie. desculpe não ter entrado em contato. tudo tem estado meio louco. outro motivo é que eu estou me encontrando com outra pessoa e quero ver onde isso vai dar. de qualquer forma, estou com suas coisas, só me diga onde eu posso deixá-las, um abraço"

Senti minhas bochechas queimando. Como isso aconteceu? Mesmo apesar de eu ter enxergado claramente através desse palhaço, ainda assim fui machucada. Eu gostava dele, apesar de tudo. Não era justo.

Logo ele entrou no bar com uma sacola de compras e sentou-se entre minha amiga e eu. O constrangimento era palpável, denso, como fondue.

"Oi", disse ele, entregando-me a sacola.

"Obrigada", respondi, olhando para meu drinque.

Houve então uma longa pausa.

"Então", disse ele. "O que está fazendo?"

Respirei fundo e olhei-o nos olhos. "Tomando um drinque", disse, respondendo à pergunta mais estúpida do mundo.

Ele levou um momento para perceber a situação, então se levantou em silêncio e foi embora pela noite. Eu peguei meu DVD, coloquei meus brincos, amassei a sacola de compras e terminei minha Coca Diet.

domingo, 13 de abril de 2008

My heart untravell'd

Where'er I roam, whatever reallms to see, My heart untravell'd fondly turns to thee; Still...turns, with ceaseless pain, and drags at each remove a lengthening chain.


Red dress

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Seu nome na boca do sapo

Seu nome na boca do sapo
Sua boca na minha

Menino bonito

Eu quero o teu olhar

Onde é que está aquela imagem, aquele olhar, aquele apoio

A falta

Será que se eu ficar bem eu não vou mais querer?

Então será que eu quero ficar bem?

Sem raiz, abstrata, leve

Definindo, achando, segurança

Onde me agarrar?

Cadê? Oi? Onde? Que?

Cai na roda e acorda!



Escutando Maria do Céu

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

A Love Song


Eu sempre tive uma memória um pouco mais visual, gosto de poemas que gerem imagens, acho que é por isso que eu gosto tanto desse poeta.

A Love Song
by William Carlos Williams

What have I to say to you
When we shall meet?
Yet—
I lie here thinking of you.

The stain of love
Is upon the world.
Yellow, yellow, yellow,
It eats into the leaves,
Smears with saffron
The horned branches that lean
Heavily
Against a smooth purple sky.

There is no light—
Only a honey-thick stain
That drips from leaf to leaf
And limb to limb
Spoiling the colours
Of the whole world.

I am alone.
The weight of love
Has buoyed me up
Till my head
Knocks against the sky.

See me!
My hair is dripping with nectar—
Starlings carry it
On their black wings.
See, at last
My arms and my hands
Are lying idle.

How can I tell
If I shall ever love you again
As I do now?

domingo, 8 de abril de 2007

Distância x Proximidade

Sim, de que estávamos falando agora mesmo? De Adalberto, o novelista, e que homem orgulhoso e firme ele é. "A primavera é a mais horrível estação do ano" disse ele, e foi para o café. Deve-se saber o que se quer, não é verdade? Veja, também a mim a primavera põe nervoso, também a mim a encantadora trivialidade dos anseios e sentimentos que ela desperta me põe confuso, só que não consigo repreendê-la e desprezá-la por isso, pois acontece que me envergonho dela, envergonho-me de sua pura naturalidade e de sua triunfante mocidade. Não sei se devo invejar Alberto ou menosprezá-lo, porque não entende nada disso... Trabalha-se mal na primavera, é certo, e por quê? Porque se sente. E porque é um ignorante aquele que acredita que o criador pode sentir. Todo o verdadeiro e sincero artista sorri da ingenuidade deste engano charlatão, melancólico, talvez, mas sorri. Pois aquilo que se diz nunca deve ser o essencial, mas tão somente o material, indiferente em princípio, de que se compõe a criação estética numa leve e serena superioridade. Se der demasiado valor aquilo que tem a dizer, se o seu coração bater com calor demasiado por isso, pode estar certa de um completo fiasco. Você torna-se sentimental, algo de pesado, de sério-desajeitado, sem ironia, desgovernado, sem têmpero, monótono, banal se forma sob suas mãos, e o fim é nada mais que indiferença por parte das pessoas, nada mais que desilusão e lamentação de sua parte... Pois, Lisavieta: O sentimento, o cálido e cordial sentimento é sempre banal e sem utilidade, artisticos são somente nossas irritações e os frios êxtases de nosso corrompido e artificioso sistema nervoso. É preciso que seja algo fora da humanidade ou desumano, que esteja para a humanidade numa relação estranhamente distante e indiferente, para ser-se capaz de interpretar ou mesmo sentir-se tentado a isso, interpretar para mostrar de efetivo e com gosto. O dom para o estilo, forma e expressão já pressupõe esta fria e descontente relação para com a humanidade. Pois o sentimento são e forte-isto está confirmado-não tem gosto. Morre o artista quando se torna homeme começa a sentir. Isto sabia Adalberto e por isso foi ao café, para a "esfera distante", sim senhora!

Tonio Kroeger
Thomas Mann


Bertold Bretch, que em seu livro Estudos sobre Teatro propôs o distanciamento do público para com as emoções dos atores, em prol da objetividade da mensagem. Konstantin Stanislavski (1863 – 1938), autor de cinco livros imprescindíveis para qualquer ator, “A Construção do Personagem”, “A Preparação do Ator”, “A Criação de um Papel”, “Manual do Ator” e “Minha Vida na Arte”, foi um dos grandes filósofos teatrais que, durante toda sua vida se dedicou ao teatro russo. Seguidor do gênero naturalista, Stanislavski tornou-se um ator de renome em seu pais, criando uma técnica primorosa sobre interpretação. Segundo Aristóteles, “a arte de imitar é uma prerrogativa do próprio homem”, sendo que o filósofo nunca esmiuçou o segredo de uma interpretação perfeita, de maneira que, na prática, essa elaboração sempre ficou a cargo dos diretores e dos intérpretes. À partir de Aristóteles surgiram grandes mestres que buscaram encontrar uma melhor forma de concepção de personagem, ou seja, como o ator deveria postar-se em cena, e como deveria fazer para encenar os textos de uma maneira coerente, sendo que, de todos esses grandes teóricos, Stanislavski, Brecht e Artaud são os mais conhecidos. Seguindo o perfil adotado por André Antoine, Stanislavski defendia a realidade da cena, com comportamentos inspirados na vida real. Antoine não expressou de maneira clara a forma como o ator deveria compor seus personagens, de forma que Stanislavski criou uma técnica que sugere que o ator entre em contato com seus próprios sentimentos, a fim de inspirar seus personagens, de modo que esses possam ter vida própria. Stanislavski, assim como Antoine, foi duramente criticado por Brecht, que achava imprescindível a emoção, mas sem que isso servisse de desculpa para causar ilusão no público. Stanislavski defendia a ilusão do espectador, argumentando que os efeitos cênicos causam interação com a platéia, deixando-a mais envolvida pela esfera mágica da peça teatral. Konstantin Stanislavski defendia a interação com público de uma maneira muito prática: para ele, o público tem que sentir as mesmas emoções que o personagem sente, de forma que, para isso acontecer, é necessário o perfeito entrosamento entre todos os elementos que constituem uma peça teatral. Para o teórico, esse entrosamento no palco causa no espectador a ilusão de que o contexto abordado no palco é real, o que, segundo Stanislavski, motiva o público a acompanhar o espetáculo. Para o teórico, o público só pode sentir-se interessado pelo espetáculo se as mensagens emitidas pelos atores forem de grande interesse para quem assiste, sendo que, para isso, há uma necessidade imprescindível de que o espectador se identifique com as emoções dos personagens. Para que o público possa se identificar com o personagem apresentado no palco, cabe ao ator a transfiguração, ou seja, a personificação total no palco, de forma que o ator deve abrir mão de sua própria personalidade, de suas próprias angústias e sentimentos particulares, emprestando o corpo para o “espírito do personagem”, para que esse possa viver uma vida própria, dentro de um espaço físico relativo à sua subjetividade. Para isso ocorrer sem problemas, o ator deve despir-se de seus preconceitos para com o personagem, no sentido de não taxá-lo disso ou daquilo, de não criticá-lo, não supervalorizá-lo, tampouco subjugá-lo, afinal, o ator representa um personagem com características próprias, com sentimentos próprios e uma história própria, como qualquer personagem da vida real. No momento da transfiguração (o que Aristóteles chamou de catarse), o ator não pode se distrair nem realizar atos que não condizem com o personagem, pois a dispersão faz com que o intérprete tenha uma atuação que transmite falsidade para o público.

sábado, 7 de abril de 2007

Persona

"O inútil sonho de ser
Não parecer, mas ser
Estar alerta em todos os momentos
A luta: o que você é com os outros e o que você realmente é
Um sentimento de vertigem e a constante fome de finalmente ser exposta
Ser vista por dentro, cortada, até mesmo eliminada
Você pode se recusar a se mover
E ficar em silêncio
Então, pelo menos não está mentindo
Você pode se fechar, se fechar para o mundo
Então não tem que interpretar papéis, fazer caras, gestos falsos
Acreditaria que sim
Mas a realidade é diabólica
Seu esconderijo não é à prova d'água
A vida engana em todos os aspectos
Você é forçada a reagir"

Do filme Persona
de Ingmar Bergman